O uso de celular nas escolas sempre foi um tema polêmico – que o digam responsáveis e professores que, nos últimos anos, adicionaram às suas atividades profissionais a vigilância para evitar que os estudantes se distraíssem com os aparelhos em aula. Agora, com a Lei Nº 15.100 que acabou de entrar em vigor, essa discussão ganha novos contornos.
A medida, que restringe o uso de dispositivos eletrônicos pessoais em sala de aula, nasceu com o objetivo de melhorar a concentração dos alunos, fortalecer a interação social e reduzir os impactos negativos das telas na saúde mental.
Mas como essa lei impacta na prática estudantes e docentes? Vamos explorar os detalhes e descobrir como transformar essa mudança em uma oportunidade para mais interação e aprendizado.
O que você vai ver:
- Não é achismo: o impacto do uso excessivo de celulares
- O que diz a nova lei que proíbe o uso de celulares nas escolas
- Como se aplicam as normas na rede SESI SENAI
- Como incentivar o uso responsável dos aparelhos
- Menos telas, mais interação
Boa leitura!
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Não é achismo: o impacto do uso excessivo de celulares
Vivemos em um mundo hiperconectado. Um estudo da Common Sense Media apontou que crianças e adolescentes passam, em média, sete horas por dia em frente a telas – cinco horas a mais do que o recomendado pela OMS.
Esse tempo excessivo pode impactar diretamente o aprendizado, a capacidade de concentração e a saúde mental dos pequenos.
Alguns pontos críticos levantados por estudos na área apontam que:
- O uso frequente de celulares reduz a capacidade dos estudantes de manter o foco prolongado, prejudicando a assimilação de conteúdos;
- O tempo excessivo de tela está associado ao aumento da ansiedade e depressão entre jovens, além de reduzir a qualidade do sono;
- O celular muitas vezes substitui conversas presenciais, limitando o desenvolvimento de habilidades socioemocionais essenciais para a vida em sociedade.
Portanto, é justamente para enfrentar esses desafios que a nova legislação foi criada.
O que dizem os especialistas:
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que crianças menores de 2 anos não sejam expostas a telas. Para crianças entre 2 e 5 anos, o tempo de tela deve ser limitado a 1 hora por dia.
Já a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) alerta para os riscos do uso excessivo de telas, que podem causar problemas de visão, obesidade, distúrbios do sono e dificuldades de aprendizado.
Os médicos oftalmologistas sinalizam o aumento de casos de miopia em crianças e adolescentes devido ao uso excessivo de celulares, computadores e tablets.
Pesquisadores da área de neurociência afirmam que o cérebro em desenvolvimento é especialmente vulnerável aos efeitos do uso excessivo de telas.
O que diz a nova lei que proíbe o uso de celular nas escolas
Sancionada em 13 de janeiro de 2025, a Lei nº 15.100 estabelece a proibição do uso de aparelhos eletrônicos portáteis, como celulares, tablets e smartwatches, por estudantes durante o período letivo em todas as escolas públicas e privadas da educação básica — ou seja, desde a educação infantil até o ensino médio.
Essa proibição se aplica tanto durante as aulas, quanto nos recreios e intervalos entre aulas.
Por que essa lei foi criada?
A adoção dessas diretrizes visa proporcionar um ambiente escolar mais equilibrado e produtivo, focado no aprendizado e no desenvolvimento social das crianças e adolescentes.
Entre os benefícios esperados, estão:
- Mais concentração: menos distrações, mais foco no aprendizado;
- Melhor desempenho acadêmico: sem interferências tecnológicas, os estudantes se dedicam mais ao conteúdo e absorvem melhor as informações;
- Maior interação social: menos tempo de tela, mais tempo para conversas e trocas presenciais;
- Redução do cyberbullying: menos acesso às redes sociais durante o período escolar minimiza situações de exposição e conflitos online.
Para o gerente pedagógico do SESI SENAI, Ricardo Anzolin, a lei reafirma os direitos fundamentais dos estudantes, “promovendo um ambiente escolar que prioriza o bem-estar, o aprendizado e a saúde mental”.
Além disso, outro aspecto importante sobre a proibição do celular nas escolas é o suporte e o acolhimento escolar. Para isso, Anzolin destaca que “a lei exige que as escolas desenvolvam estratégias para abordar aspectos psíquicos dos estudantes, contribuindo para um ambiente escolar mais saudável e seguro. A criação de espaços de escuta e acolhimento, juntamente com treinamentos para educadores sobre a detecção de sinais de sofrimento psíquico, fortalece a capacidade da equipe escolar em lidar com questões emocionais”.
Uma prática que já faz parte da rede SESI SENAI SC, com programas estruturados de acolhimento e inclusão para os estudantes, como o PAC – Programa de Acolhimento e Convivência e o PSSAI – Programa SESI SENAI de Ações Inclusivas, o que permite à rede administrar a aplicação da lei com mais facilidade.
Quais as exceções à regra?
A lei prevê algumas exceções ao uso de celular nas escolas, como em casos de:
Emergências: em situações de emergência, o uso do celular pode ser autorizado pelo professor;
Atividades pedagógicas: o uso de celulares pode ser permitido em atividades pedagógicas específicas, como pesquisa, aplicativos educativos e atividades interativas, desde que autorizado e orientado pelo professor;
Necessidades específicas: o uso de dispositivos será autorizado para estudantes que necessitem de recursos tecnológicos para o aprendizado, mediante manifestação da família e autorização da equipe pedagógica.
Como se aplicam as normas na rede SESI SENAI
Você estuda ou é responsável por um estudante da rede SESI SENAI? Por aqui, a aplicação das diretrizes varia conforme o nível de ensino, respeitando as necessidades pedagógicas de cada faixa etária:
Escola SESI: conforme prevê a lei nº 15.100/2025 para toda a educação básica, está proibido o uso de celulares, tablets, smartwatches ou outros aparelhos eletrônicos portáteis dentro da escola, tanto nas salas de aula, quanto nos recreios e intervalos.
As exceções são casos excepcionais em que os aparelhos sejam necessários para garantir acessibilidade, inclusão ou saúde do estudante.
Além disso, Thiago Korb, gerente de Educação Básica e Cultura do SESI SENAI, salienta que “a Escola SESI dispõe de mais de 60 tecnologias educacionais mapeadas e presentes em nossas escolas, para fortalecimento das práticas de “educação tecnológica”, bem como o desenvolvimento de habilidades de todas as áreas do conhecimento, e que continuaremos incentivando o uso destas com finalidades pedagógicas”.
SENAI: nos cursos técnicos ou profissionais, o uso de aparelhos eletrônicos portáteis é permitido com finalidade pedagógica. Mas, quando o atendimento for conjunto com escolas da educação básica, como, por exemplo, cursos de Iniciação Profissional, Escola em Tempo Integral ou cursos técnicos integrados, aplica-se a proibição conforme a lei nº 15.100/2025.
UniSENAI: No ensino superior, o uso de celulares, tablets e afins é permitido para fins acadêmicos.
Como promover o uso responsável dos aparelhos
O uso responsável da tecnologia deve ser um compromisso de toda a comunidade escolar. Com a colaboração de todos, podemos garantir um ambiente educacional mais saudável, seguro e eficiente.
Famílias
Seu apoio é essencial para que as diretrizes sejam seguidas. Desse modo, que tal incentivar o uso equilibrado da tecnologia em casa, reforçando a importância do estudo, da interação social e do descanso sem a constante presença dos aparelhos?
Estudantes
Aproveite os momentos sem dispositivos eletrônicos para se concentrar nos estudos, aprimorar suas habilidades sociais e interagir com os colegas. Esse equilíbrio contribui para um aprendizado mais significativo e para relações interpessoais mais enriquecedoras!
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Menos telas, mais interação
A restrição no uso de celular nas escolas é um passo importante para criar um ambiente escolar mais equilibrado e produtivo. O desafio agora é transformar essa mudança em uma experiência positiva, incentivando novas formas de aprendizado e socialização.
Ao invés de encarar essa lei como uma restrição, podemos vê-la como um convite para redescobrir o valor do contato humano, das atividades coletivas e do aprendizado sem distrações digitais.
Acreditamos que o conhecimento se constrói na troca, na conversa e na experiência real.
E você, o que acha dessa nova diretriz? Vamos juntos construir um ambiente escolar mais saudável! 💙📚